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A Arte de Ser Alegre



Neste mundo, as pessoas podem ser considerar premiadas apenas por existirem. A alegria é seu direito inato. Aqui e ali, ao longo da vida, você vai se sentir alegre sem nem saber por que e às vezes até quando não convém.
Mas cést la vie! Joie de vivre, como dizem os franceses, é a pura alegria de viver - uma forma de contentamento que ignora a racionalidade.
Não precisamos estar felizes para experimentar um instante de leveza. Acontece quando estamos irritados, cansados, tristes ou preocupados. Basta um pequeno incentivo e, sem mais nem menos, nos sentimos felizes por estarmos vivos e agradecidos pelo amor que carregamos no coração.
Às vezes é um senhor simpático que senta a seu lado no trem e lhe sorri. Ou então um fabuloso par de botas que você experimentou. Ou ainda a visão gloriosa das folhas vermelhas de outono contra um céu cinzento de tempestade. De repente, por um breve instante, você  se sente emocionalmente pleno, em paz consigo mesmo.
Realizações e sucessos pessoais raramente são motivos para alguém sentir essa forma de felicidade. Na verdade, a natureza inexplicável da alegria de viver é parte de sua própria atração. Misteriosamente, a pessoa se sente desenrolada bem a sua frente.
Há quem seja surpreendido por uma explosão de alegria no exato momento em que enfrenta uma situação difícil no trabalho, quando tem de tomar uma decisão complicada ou se recupera de um revés sentimental.
Para sentir-se feliz, basta um inesperado dia ensolarado, o olhar de admiração de alguém do outro lado da sala, um trecho de poesia, o convite de um ex chefe para almoçar e pôr a conversa em dia.
O presente da alegria instantânea é parte tão integrante da natureza humana que mesmo o mais cínico dos mortais não esta imune a ele. Já notou a forma como os alarmistas insistem em suas opiniões pessimistas? Provavelmente  sentem prazer nisso. E, para dizer a verdade, eu e você também tiramos às vezes certa satisfação romântica de nossos mais indulgentes acessos de autopiedade.
De vez em quando, gostemos ou não, o cérebro é inundado por substâncias químicas de bem estar - a recompensa da natureza por suportamos os problemas do mundo.
Portanto, em vez de mostrar alegria quando não há motivo algum para isso, dê-se uma pausa. Não force um sorriso. Em vez disso, olhe em volta e abra-se ao que vê. Observar pessoas vai pôr fim à tristeza mais rapidamente que tomar um remédio.
A joie de vivre, afinal, foi inventada pelo mesmo povo que nos deu a moda básica e os cafés ao ar livre.
Mas ninguém tem de ir a Paris para encontrar joie de vivre. Lugares públicos são uma fonte de alegria instantãnea. Em seu quarteirão, pet shops, cabeleireiros e padarias são locais onde acontece o tipo de encontro que faz subir os cantos da boca. Outros lugares propícios são museus, férias, saguões de hotel e bibliotecas públicas.
Uma pessoa nunca sabe quando será contaminada por uma doce efervescência. Essa emoção pode ser disparada pelo olhar de expectativa de um cachorro quando o dono diz " Vamos ". Por um adolescente com o cartaz " Bem vindo, papai " no aeroporto.
Ou pela garotinha com o seu melhor vestido sentadinha sobre a mala, na rodoviária.
Cuidado: sentir-se triste é desculpa para perder a chance de ficar alegre.


COISAS QUE O DINHEIRO NÃO COMPRA


O dinheiro pode comprar alguma felicidade - que tal um Jaguar na garagem? - , mas não o dom da alegria. Ninguém pode pagar pelo que a vida oferece de graça. " A felicidade é igual no súdito e no rei ", disse o poeta inglês Alexander Pope.
Mesmo assim, muitos de nós adiamos a apreciação das fugazes recompensas da vida até acharmos que temos dinheiro suficiente no banco.


                                  Você é abençoado, achando ou não que merece

Não conseguimos ter prazer em dormir até tarde num dia de semana, a não ser que seja feriado. E nos sentimos culpado ao aproveitar uma folga na viagem de negócios para ir pescar - afinal, só gente rica pode se dar ao luxo de não fazer nada. Deixar o celular em casa ao tirar cinco dias de férias, então, está fora da questão.
Se parar para pensar, vai ver que não faz sentido. Economizamos para ter a segurança de apreciar as coisas que o dinheiro não compra. Por que não damos permissão para tomar o que é oferecido de graça? Por que achamos que temos de comprar a nossa alegria?
Tudo bem, invente desculpa para não ser capaz de relaxar com mais frequência. A prestação da casa. A escola das crianças. Os impostos. O carro. Sem falar no ventilador que precisa  ser trocado.
Tudo verdade. Mas, por mais urgente que pareça, a pressão financeira não é a única explicação para estarmos constantemente trabalhando. Na verdade, acreditamos que termos de conquistar o direito ao prazer. Quando se trata de sentir alegria, não queremos aceitar esmolas de deuses benevolentes.
E não culpe a ética religiosa por sua incapacidade de desfrutar o prazer de estar vivo. Há 25 séculos, na Grécia antiga, o filósofo Epicuro já pregava a alegria de viver isenta das amarras da opulência. Na refinada escola do hedonismo que fundou em Atenas, a bebida comum era água, e um pão simples de cevada era repartido entre alunos.
Mesmo quem tem tudo - e dispõe meios para ter o melhor - pode descobrir a satisfação de viver de maneira simples e, ao mesmo tempo, confortável.
Experimente, por exemplo, emprestar dinheiro sem juros a amigos que precisam - sem ligar se não puderem pagar logo. Melhor ainda, se puder, dê o dinheiro, sem pensar mais nele. Surpreendentemente, desfazer-se de um pouco de dinheiro pode ser uma experiência muito satisfatória.
Com menos dinheiro no bolso, você se sentirá liberado para fazer alguma coisa boba, como comer algodão-doce, ir a uma matinê no cinema ou sentar sob uma árvore para ler um bom livro.




(Véronique Vienne)


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