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O Asno e o Cão


É preciso ajudar-se : é a lei da Natura.


O asno um dia zombou disso:
E não sei como foi omisso,
Pois ele é de boa criatura.
Ele ia por um campo; acompanhava-o um cão,
Sérios, sem destino, a cismar;
Seguidos ambos do patrão.
Esse patrão dormiu. O asno pôs-se a pastar:
Ele se encontrava num prado
Cujo capim lhe era de agrado.
Não havia espinhais; passou sem, simplesmente:
Não se deva ser tão delicado e exigente;
E é raro faltar esse prato
Num festim de fino trato,
Nosso burro soube, por fim,
Passar sem, esta vez. Esfomeado, o cão
Disse-lhe: " Amigo, abaixa- te um pouco pra mim;
Vou pegar meu jantar no teu cesto pão."
Resposta alguma, nada: o rocim da Arcádia
Temeu que, perdendo um momento,
Perdesse também o alimento.
Fez muito tempo ouvindo moucos;
Afinal respondeu: "Amigo, espere um pouco,
Que teu dono termine a sesta calmamente
Pois, quando despertar, te dará, certamente,
A tua porção regular.
Ele não pode demorar."
Durante esse tempo, o lobo
Sai do mato e vem vindo: outro bicho faminto.
O burro chama o cão, que venha e, seu socorro.
Sem se mexer, o cão lhe diz: "Amigo, eu sinto
Que tu deves fugir enquanto o patrão dorme;
Logo vai acordar; pega teus trens e some,
Pois se o lobo te pega, então quebra-lhe o queixo.
Tens ferradura nova, e um conselho te deixo,
Lança-o ao chão." Durante essa fala de zelo,
Senhor lobo estrangula o burro sem apelo.


Concluo que é preciso ajudar-se uns aos outros.


(Fábulas de La Fontaine -  Marc Chagall)

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